sexta-feira, 20 de maio de 2011

Apresentação

Olá ! Nós somos um grupo de 4 alunos de área de projecto da Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco. Criamos este blog com o objectivo de transmitir mais informação sobre as Ribeiras da Madeira.
Assim as pessoas ficam a conhecer mais a nossa ilha e alguma da sua biodiversidade.

3 comentários:

  1. Campos dos Goytacazes, 25 de dezembro de 2020
    Tempestades na ilha da Madeira
    Pelo menos há dez mil anos, a configuração da superfície terrestre apresenta uma estabilidade dinâmica entre oceanos e continentes. Nasci no canto de um continente chamado América do Sul, dentro de um país chamado Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. Saí deste país poucas vezes, mas aprendi algo sobre o planeta em que vivemos.
    Não é de hoje que chove e faz sol nele. Fiquemos apenas nos últimos dez mil anos, que os cientistas denominaram de Holoceno. O clima variou nesse tempo, com períodos mais úmidos e mais secos criados pela própria natureza. A partir de 1860, começou a se registrar a elevação das temperaturas de forma inédita. Não é mais a natureza apenas que está provocando aumentos de temperatura, mas a ação humana. A partir da revolução industrial, a liberação de gases causadores do efeito-estufa estão sendo lançados em volumes cada vez maiores na atmosfera. Eles provocam fenômenos climáticos extremos: tempestades cada vez mais intensas, com temporais de chuva e de vento, assim como estiagens arrasadoras.

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  2. Chuvas caem no mar e na terra. Tanto num quanto na outra, a intensidade varia. Os estragos também, dependendo do que elas encontram embaixo. No mar, existem ilhas móveis, chamadas embarcações. Elas são de diversos tamanhos, de canoas a transatlânticos. A resistência a tempestades vai depender do tamanho das ilhas móveis. Antes dessas ilhas, construídas por mãos humanas, já existiam as ilhas fixas, construídas pela natureza.
    Um conjunto de navios permanentemente fixos é o arquipélago da Madeira, na altura do norte da África. Foi a atividade vulcânica que construiu as vinte e quatro embarcações fixas formadoras de uma frota ancorada ali há milhões de anos: ilha da Madeira (que é a nau capitânia), Porto Santo (a segunda), três naus sem tripulação, uma das quais é visitada de vez em quando, dois escaleres tripulados e 17 canoas vazias.
    Tudo indica que essa frota já contava com tripulação quando os portugueses lá chegaram com suas ilhas flutuantes. Os pilotos João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira chegaram à ilha de Porto Santo em 1418. Mesmo que elas fossem habitadas antes deles. Os ocidentais costumam dizer que eles descobriram. Em 1419, os dois juntamente com Bartolomeu Perestrelo, sogro de Cristóvão Colombo, chegaram à ilha da Madeira. A partir de então, as ilhas tornaram-se estratégicas para a navegação dos portugueses no Atlântico sul e foram incorporadas ao reino português.

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  3. Embora carioca, brasileiro e sul-americano, sinto-me terráqueo. Interessa-me tudo o que acontece no mar e na terra. Ainda mais no tempo em que vivemos, com a integração do mundo construída por bem ou por mal pelo ocidente naquilo que hoje vem se dominando de globalização. Vivo no mundo global, estudando principalmente as relações dos grupos humanos com a natureza.
    Por isso, tive minha atenção voltada para o que aconteceu neste Natal (2020) na ilha da Madeira. Na véspera do Natal, um temporal se abateu nas freguesias de Ponta Delgada e Boaventura, na costa norte da ilha da Madeira. Registremos que o centro da ilha é elevado, com poucos e pequenos cursos d’água que descem para o mar. Os principais são ribeira Brava, João Gomes, Santa Luzia, São João e dos Socorridos. Estreitos e rasos, esses córregos tornam-se violentos quando transportam água de temporais. O leitor brasileiro sabe bem o que é isso. Uma chuva intensa e demorada pode transformar uma inocente vala de esgoto numa torrente capaz de arrastar casas, carros e pessoas. Foi o que aconteceu no norte da Madeira. As ruas asfaltadas impermeabilizam o solo e tornam-se córregos impetuosos.
    Em 20 de Fevereiro de 2010, ocorreu tempestade semelhante na Ilha da Madeira. Um temporal destruidor causou imensos estragos na ilha, principalmente em Funchal e na Ribeira Brava. Ele deixou mortos e feridos com a sua passagem, além de muita destruição material. No ano seguinte, destruição semelhante foi causada por temporais diluvianos em Nova Friburgo, zona serrana do sudeste brasileiro, assim como no princípio de 2020, Belo Horizonte e várias outras cidades do sudeste brasileiro foram castigadas por intensas tempestades em sequência.
    Não estamos mais diante de fenômenos naturais. Se, de imediato, a ação coletiva não pode provocar tempestades e secas, indiretamente ela pode injetar gases que mudam a composição da atmosfera e provocam fenômenos climáticos extremos. Miguel Freitas, presidente da Junta da Ponta Delgada, destruída pela inclemência da tempestade, declarou que as chuvas do dia 24 de dezembro de 2020, lembram a calamidade de 2010.
    Pelo menos, ele tem memória, faculdade que o imediatismo do mundo ocidental e ocidentalizado contemporâneo está apagando. Entre nós, o dilúvio de 2008-9 na bacia do Ururaí já foi esquecido pelas pessoas. Ele só existe na memória dos pesquisadores.

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